Por que terapia de família?
- Deusinete Deusinete
- 14 de mar.
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A terapia de família é uma abordagem nova em nosso meio. Uma maneira de trabalhar adotada há mais ou menos 30 anos na América do Norte e Europa. Uma proposta nova que visa atender ao mesmo tempo pais, filhos e até avós e tios, e se necessário, grupos de vizinhança e escola (Speck e Attineave, 1976).
O objetivo de incluir a família no tratamento de problemas de ajustamento baseia-se no fato de que acontece com um indivíduo que vive numa família, não decorre apenas das condições internas a ele, mas da intensa interação com o contexto mais amplo no qual está inserido. Ele não só recebe o impacto desse ambiente, como também atua sobre ele influenciando-o. Nesse enfoque, o terreno da patologia, como afirma Minuchin (1982), é a família. Para este autor, o sintoma é uma consequência de uma estrutura familiar disfuncional. Sendo identificado a super- aproximação ou super-afastamento.
Segundo Petzuld (1996), A definição de família leva-se em consideração a pluralidade de formas atuais dessa instituição. Na visão desse autor a abordagem ecopsicológica parece ser a mais adequada para compreender todos os tipos de famílias, sejam elas tradicionais e ou alternativas.
A família é necessária para a saúde do indivíduo, não sendo necessariamente a família tradicional, e sim um grupo de pessoas que o apoia mutuamente, compartilhando suas expectativas e significados de vida. Desse modo, uma família pode ser compreendida como um grupo e sua história, uma vez que as relações funcionais apresentam a tendência a serem duradouras (Aton, 2000). Esta noção implica que os grupos familiares vão se transformando ao longo da vida, basicamente em três aspectos fundamentais: Estrutural; Interacional; e funcional (Relvas, 2003).
Com a evolução tecnológica e as mudanças sociais abriram-se caminhos para um novo formato da realidade. Com isso a ciência como um todo vem se reorganizando em volta de novos paradigmas, e a subjetividade humana sendo repensada e avaliada, em busca de seus conflitos pessoais. As inovações tecnológicas trazem consigo as suas consequências e os efeitos colaterais.
Em meio a esse contexto a psicologia luta para preservar a dignidade, os valores básicos da pessoa humana, ajudando na solução e alívio de seu sofrimento. Métodos e técnicas psicológicas vem sendo desenvolvidas com o propósito de apreender e intervir no indivíduo de formas ampla, considerando os aspectos relacionais e dinâmicos de sua interação em vários níveis como interpessoal, orgânico e social.
A terapia familiar ocupa uma lacuna no atendimento psicológico, principalmente com crianças e adolescentes ou pessoas seriamente com algum tipo de transtorno emocional. Tem como objetivos principais: o crescimento da empatia entre os membros da família, melhorar a comunicação interpessoal dentro e fora da família; o exercício do poder funcional, o desempenho dos papéis adequados ao tipo de relação e situação; a conscientização da situação e do momento familiar reais e as tomadas de decisões necessárias e cruciais (Satir, 1993).
A criação de escolas de terapia familiar inicia-se em meados do século XX nos EUA e na Europa. Em Palo Alto (EUA) o antropólogo G. Batson (1956), liderou pesquisa sobre a classificação da comunicação em níveis e tipos lógicos e níveis de aprendizagem, levando-o a hipótese de que a esquizofrenia poderia ser decorrente da incapacidade do indivíduo discriminar os vários níveis de comunicação. No Artigo “Toward a Theory of Schizofrenia”, introduziu o conceito de duplo-vínculo na explicação do surgimento da esquizofrenia em membros da família.
Este artigo contribuiu para o surgimento do movimento da terapia da família, com mudanças de paradigma da patologia individual para a familiar, do conflito intrapsíquico para os padrões patológicos da comunicação. Ainda que a terapia familiar tenha em sua origem o objetivo de tratar a esquizofrenia, constatou-se os mesmos princípios interacionais presentes em todas as famílias, mesmo em graus variados.
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