A escolha do cônjuge
- Deusinete Deusinete
- 13 de mar.
- 2 min de leitura
Escolher entre os temas estudados sobre terapia de casal não é fácil, uma vez que determinados aspecto ligados ao ciclo de vida familiar são afins. Dentre os vários temas oferecidos, selecionei aquele que mais me tocou para poder através da minha narrativa encantar aquele que se envolver na leitura. Adentrar nesse universo é uma oportunidade de aprofundamento e melhor entendimento dos motivos que movem as nossas escolhas. Me senti seduzida e atraída pela temática “Escolha do Cônjuge”, por entender que a vida a dois, a parceria, o namoro, o casamento e a conjugalidade passa por esse quesito da escolha.
É um tema bastante relevante e envolvente no estudo do ciclo de vida familiar. O período da eleição de um parceiro e da formação do novo casal demarca justamente o início da família (Minuchin & Fishman, 1990). Aspectos como os modelos transmitidos pelas famílias de origem e a busca por similaridade ou por complementaridade são destacados como importantes motivações para essa seleção.
Outros requisitos, como a admiração, o respeito, a atração sexual; e o desejo de constituir com o outro algo significativo são levados em conta. O ato de selecionar envolve um certo mistério, que somente as relíquias culturais e valores arquetípicos guardados em nosso imaginário é capaz de nos dar sinais. Freud (1914), em seu artigo sobre o narcisismo discute o que está presente na escolha de um parceiro, para ele, há dois tipos de escolhas: o tipo analíctico e o narcísico. Ao descrever a escolha narcísica Freud (1914, p. 107) diz que uma pessoa pode amar: o que ela própria é: ela mesma; o que ela própria foi; o que ela própria gostaria de ser; alguém que foi alguma vez parte dela mesma. A analíctica é para o autor, uma escolha baseada no desejo de reconstituir uma relação de cuidado, alimentação e proteção, vivida no início da vida.
Diferentes autores da abordagem familiar sistêmica partem do entendimento de que as relações ocorridas no sistema familiar envolvem motivações e consequências transgeracionais, não sendo diferente com a escolha conjugal (Ângelo, 1995; Carter & McGoldrick, 1995; Whitaker, 1990). Segundo esses autores, essa opção estaria relacionada aos modelos parentais: todo indivíduo, ao tomar como modelo seus pais, construiria um esquema da maneira de se relacionar com um parceiro. Dessa forma, os valores e as expectativas de cada indivíduo, assim como as ideias de quais características seriam desejáveis no parceiro (a) escolhido (a), são transmitidos, em grande parte, pelas famílias de origem (Ângelo, 1995).
Assim sendo ao longo da vida, o indivíduo aprende a conciliar estes mecanismos propulsores, e passa a se relacionar e a fazer escolhas de acordo com a bagagem de valores e crenças que o norteiam (ANTON, 2000). Segundo a autora, o inconsciente pode ser comparado a uma memória de computador, cujas lembranças adormecidas estão registradas no psiquismo e se relacionam absolutamente com tudo que o indivíduo experimentou na sua vida, sensações, sentimentos, medos e pensamentos. Essa possível correlação contribui para sua construção como pessoa, o que permite fazer planejamentos futuros, traçar metas, objetivos, de acordo com mecanismos e elementos internos, sem que ele saiba que exista.
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